O nosso conto de amigos de infância que se tornam amantes chegou com tudo em Love Next Door, trazendo na sua estreia todos os clichês românticos que poderíamos desejar, uma protagonista bagunçada e maravilhosamente relacionável, e um protagonista masculino pelo qual certamente sonharemos esta noite.
EPISÓDIOS 1-2
Minha maior preocupação ao assistir Love Next Door era that the drama pudesse se tornar excessivamente encantador, parecendo forçado. Bem, o primeiro episódio teve essas dificuldades, mas felizmente, a trama parece ter encontrado seu ritmo até o final do segundo episódio, e há emoção suficiente para amenizar qualquer sensação de que o roteiro está excessivamente escrito (bem, ainda pode estar, mas vamos ver como isso se desenrola).
Iniciamos nossa história não com o herói ou a heroína, mas com suas mães — uma verdadeira equipe de ajummas que se gabam e conversam animadamente. Não posso negar que esta não foi a minha parte favorita. Contudo, as mães desempenham um papel central neste dorama, e as relações delas com seus filhos são parte essencial da narrativa que desvendaremos mais adiante. Enquanto isso, essa introdução nos mostra como as mães estão em uma competição de vaidade sobre seus filhos: a filha que trabalha em uma enorme empresa nos EUA — e aqui estão os convites de seu casamento — e o filho que é um arquiteto bem-sucedido e um verdadeiro exemplo de bondade (e beleza, mas falaremos mais sobre isso depois).
Quando finalmente conhecemos nossa heroína, BAE SEOK-RYU (Jung So-min), ela retorna a Seul sem avisar. Desde o jeito que está sentada em sua mala com seus sapatos de salto, até seus pesadelos a acompanhando no avião, percebemos que essa garota travessa tem uma história para contar e que voltar para casa é um tanto quanto… complicado.
A melhor amiga de Seok-ryu — a dinâmica paramédica JUNG MO-EUM (Kim Ji-eun em seu papel mais natural) — vem buscá-la, mas logo se torna evidente que ninguém sabia que ela estava de volta. Seok-ryu passa o dia tentando escapar de sua família no bairro — seja se escondendo da família dela, seja literalmente se enfiando em uma caixa vazia para evitar os pais.
Essa caixa vazia acaba augando exatamente em frente ao novo escritório do arquiteto CHOI SEUNG-HYO (Jung Hae-in). Antes de se esconder na caixa, Seok-ryu vislumbra o novo edifício e, enquanto explora, se depara com Seung-hyo. Os balões que segurava escapam de suas mãos e voam como que em câmera lenta, marcando um momento de reencontro maravilhoso e glorioso. Mas, assim que apreciamos esse instante, ele se dissolve rapidamente. Seok-ryu sempre teve problemas em lidar com ele.
A contrastância entre os dois protagonistas é o que torna a dinâmica entre eles tão divertida. Eles nunca poderiam se confrontar como em uma narrativa de opostos, pois se entendem demais e se conhecem muito bem — mas a bagunça entre eles é onde o drama investe com acerto.
Seung-hyo parece um homem seguro, que é apaixonado pelo que faz, mas sem ser orgulhoso de seu sucesso. Quando o conhecemos, ele se atrasa para uma cerimônia de premiação porque está tendo uma conversa significativa sobre vida e morte com um diretor de funerária. Na cerimônia, ele aparece e desaparece do palco, prestando mais atenção nas interações do que em si mesmo.
Seong-hyo é composto, seguro e esconde suas próprias lutas (afinal, ele é o perfeito “filho da amiga da mãe” do título coreano do nosso dorama), enquanto Seok-ryu é o oposto. Ela é uma bagunça emocional — e não conseguimos deixar de amá-la. Esse papel foi praticamente escrito para Jung So-min, que tem um talento notável para mesclar uma personagem excêntrica com momentos que a tornam profundamente humana.
No início, Seok-ryu evita sua família, até que não consegue mais. Encarando sua porta, ela pede a Seung-hyo que a acompanhe — embora esteja brincando, também é um pedido desesperado. Seung-hyo não aceita até que ela explique por que está tão receosa de enfrentar sua mãe. Quando ela finalmente grita que cancelou seu casamento, quem aparece atrás deles? Mamãe, Papai, e até as mães de Seung-hyo e Seok-ryu. Enfim, todos estão lá.
O que se desenrola é uma cena maluca, principalmente envolvendo a tentativa de Seok-ryu de não apanhar da mãe, enquanto Seung-hyo tenta atenuar as tensões. Essa é a primeira grande cena de ensemble do dorama, mas há outras sequências que se seguem onde os personagens conversam e se movimentam em um turbilhão de diálogos e interações que são impressionantes de se assistir.
O drama se mantém nisso por um tempo, o que nos traz à cena em que a mãe de Seok-ryu descobre que, além de ter chamado seu casamento, sua filha também quitou o emprego. Seok-ryu sempre foi a filha incrivelmente bem-sucedida, mas agora tudo mudou.
Seok-ryu leva a todos a acreditar que ela estava entediada com o trabalho e cancelou o casamento por ter traído seu noivo (provocando mais raiva da mãe), mas se mostra clara que na verdade ela está quebrada. Ao longo dos dois primeiros episódios, seguimos sua trajetória e suas mentiras até vislumbrarmos em pequenos flashes a triste verdade: ela foi demitida e humilhada e descobriu que seu noivo a traiu durante uma festa à beira da piscina.
Eventualmente, o conflito entre Seok-ryu e sua mãe atinge um clímax, quando uma discussão honesta finalmente quebra o clima tenso entre elas. Isso é algo que eu adorei no drama, que conseguiu abordar os estereótipos de forma mais humana ao mostrar as inseguranças da mãe de Seok-ryu, e como sua pressão sobre a filha vem de um lugar de vergonha por suas próprias escolhas de vida.
A relação de Seok-ryu com sua mãe é central, mas sua conexão com Seung-hyo também é fundamental. A proximidade de seus lares e amigos entrelaçados resulta em encontros inevitáveis, onde a química deles brilha. Através da interação entre eles, somos levados a apreciar a complexidade de seus laços, mesmo enquanto os clichês se desdobram.
Várias cenas exemplificam essa dinâmica, como a cena da chuva onde Seok-ryu expressa sua frustração com Seung-hyo oferecendo abrigo. A cena final do segundo episódio, onde eles se encaram pela janela separando seus quartos, evidencia de maneira nova a proximidade geográfica do que sentem um pelo outro.
A jornada entre Seok-ryu e Seung-hyo promete ser interessante, pois enquanto ela é uma caótica heroína que luta contra um ideal de perfeição, Seung-hyo é a personificação da responsabilidade. Sua interação é repleta de nuances e subtextos que não deixam de ser cativantes.
Com todos os clichês desejados (ou não) e ecos de dramas passados, o grande teste para Love Next Door será se conseguirão se destacar, trazer uma voz própria e encantar o público de uma forma única. A química entre os protagonistas é a essência de um drama romântico, e se a primeira semana for um indicativo, estamos em boas mãos, pois o dorama realmente parece curtir a complexidade dessas interações tanto quanto nós.
Originária de Busan e ex-produtora de TV, Soo-Mi viajou pela Ásia buscando inspirações. Apaixonada por dramas contemporâneos, sua escrita é empática e sincera, conectando-se profundamente com os leitores.