Com apenas um obstáculo impedindo nosso casal principal de alcançar o tão sonhado final feliz, poderíamos esperar que a trajetória até lá fosse tranquila. Mas convencer a mamãe chaebol a deixar seu filho se casar com quem quiser não é uma tarefa fácil — ainda mais sem condições anexadas.
Episódios 9-10
Agora que Yoon-seo e Joo-won são oficialmente um casal novamente, Joo-won está ansioso para compensar todo o tempo perdido, aproveitando cada segundo possível com ela. Se isso significa levar Yoon-seo para casa e, em seguida, se infiltrar em seu apartamento depois que Ji-seok saiu, assim seja. Yoon-seo não se opõe de verdade à invasão de Joo-won — afinal, seu irmão adulto não pode ficar chocado ao ver a noona com um convidado — mas está claro que ser pega em uma situação complicada não é sua única preocupação ao hesitar após a reconciliação.
Ela tem algumas pendências que deseja resolver antes de se comprometer totalmente e aceitar a proposta de Joo-won — começando pelo futuro de Ji-seok. Agora adulto, antes de incluir Joo-won oficialmente em sua família, Yoon-seo quer ver seu irmão mais novo se tornar um pouco mais independente e começar sua própria jornada. Assim, quando ele decide de vez que seu sonho é ser chef e fazer cursos de culinária, Yoon-seo lhe entrega o dinheiro que vinha guardando desde a faculdade.
Embora eu tenha tido dificuldade em aceitar visualmente Kim Tae-jung no papel de adolescente, gostei de sua interpretação como o irmão mais novo de Yoon-seo, e, de maneira geral, percebi que a relação entre eles foi uma das melhores nuances desta trama. Desde a exploração de traumas compartilhados da infância até o testemunho do estilo de parentalidade gentil, porém firme, de Yoon-seo, sem esquecer da reação emocional deles à morte da mãe — estou disposta a ignorar a falta de congruência física de Kim Tae-jung, a fim de permitir que o personagem de Ji-seok transite de criança em cuidados de Yoon-seo a um adulto independente. Obviamente, Yoon-seo e Ji-seok continuarão a ser próximos, mas a transição dele para a vida adulta também sinaliza que seu papel como pseudo mãe chegou ao fim, dando a ela mais liberdade para pensar em seus próprios desejos em vez das necessidades deles.
Infelizmente, Yoon-seo acaba recebendo liberdade demais de uma só vez quando é inesperadamente dispensada de seu trabalho. Embora já tivesse apresentado sua demissão com a intenção de sair, a presidente Kim agilizou o processo sem avisar Yoon-seo, já que ela teve a audácia de devolver o dinheiro. Assim, Yoon-seo descobre a sua situação de desemprego de uma forma constrangedora através do segurança que a informa que seu crachá da empresa não é mais válido. (Poxa, presidente Kim, quanta mesquinhez.)
Por outro lado, Yoon-seo agora tem tempo de sobra para elaborar o cenário perfeito para aceitar a proposta surpresa — e ela realmente precisa desse tempo extra, já que seus primeiros rascunhos foram horríveis. Contudo, a desvantagem do desemprego — além da falta de renda, é claro — é que isso acaba por instigar um último embate entre Seong-min e Joo-won.
Tudo começa quando Seong-min atrai Yoon-seo para seu estúdio com o pretexto de estar chateado por ela não fazer mais parte da equipe do AL Group que colabora com ele. Claro que ele realmente vê a demissão antecipada dela — e a reconciliação com Joo-won — como motivo de celebração, mas Joo-won não aprova que os dois façam uma festa sem ele. Seong-min aposta com Yoon-seo sobre a rapidez com que seu namorado chaebol chegará ao estúdio, e Joo-won supera as expectativas de Seong-min em um tempo impossível no trânsito de Seul. (Será que ele pegou novamente o helicóptero da empresa?)
A chegada de Joo-won inicia mais uma sessão de puxar corda, onde Yoon-seo é o “corda”, e achei a brusquidão física extremamente desnecessária, especialmente considerando que Seong-min não tem mais um papel nesse embate. A essa altura, ele está apenas sendo mesquinho para irritar Joo-won, e você esperaria que um homem que sofreu abusos na infância hesitasse em agarrar o pulso de uma mulher e puxá-la bruscamente para frente e para trás.
Suspeito que os roteiristas não pensaram muito além da necessidade de preencher a trama ao forçar esse triângulo amoroso. Uma pena, pois Seong-min era um personagem interessante, e quando ele e Joo-won fazem as pazes durante um jantar e uma cena prolongada de noraebang, eu via lampejos de uma amizade que poderia ter surgido — se os roteiristas tivesse diminuído a dose de ciúmes e infantilidade de seus personagens masculinos.
Neste ponto da história, o único obstáculo restante entre Yoon-seo e Joo-won é a presidente Kim, e mesmo que as coisas não tenham dado muito certo para Yoon-seo quando ela devolveu o dinheiro, um Joo-won bêbado consegue amolecer o coração dela. Após se embriagar e fazer duetos com Seong-min, ele volta para casa bêbado no meio da noite e apresenta seu pedido. Pela primeira vez em muito tempo, ele deseja algo o suficiente para expressar seus desejos, e tenta apelar para sua mãe — e não para a presidente. Felizmente, desta vez, a presidente Kim se amolece e lhe dá permissão para ficar com Yoon-seo.
Assim que Yoon-seo ouve de Joo-won que sua mãe aprovou seu relacionamento, essa é a deixa para ela aceitar oficialmente a proposta de Joo-won. Ela planeja uma aconchegante viagem de camping para os dois, e quando tudo chega ao auge da romance, ela finge que queimou o dedo enquanto grelhava. Pede a Joo-won para tirar a luva e,aí está — o anel de noivado! A felicidade de Joo-won ao ver o anel é contagiante, e eu não pude deixar de sorrir durante todo o momento.
Descobre-se, porém, que a aprovação da presidente Kim veio com uma condição. Ela quer nomear Yoon-seo como responsável pela fundação de caridade da família e usar a história de vida dela, que lembra a de Cinderela, como propaganda para a imagem da empresa. Por um lado, comandar uma fundação beneficente parece se encaixar perfeitamente para Yoon-seo, mas, por outro, toda a estratégia de relações públicas é exploratória e exporia ela e seu irmão a todo tipo de fofoca.
Quando Joo-won descobre a cláusula anexa à aprovação da mãe, ele imediatamente fica enfurecido em nome de Yoon-seo. Seus ânimos se elevam, e ele se prepara para discutir com a mãe — mas então, o relacionamento extraconjugal de longa data do pai se torna público. Yoon-seo explica para Joo-won que agora não é a hora de enfrentar a mãe. Sua raiva pode esperar. Em vez disso, ela e Mi-jin o encorajam a confortar e distrair sua mãe do alvoroço. E é por isso que os irmãos se juntam e “sequestram” — e digo isso no sentido literal — a mãe para que ela possa ter um pouco de ar fresco e mudar de cenário.
A aventura deles se transforma em uma road trip que faria a franquia National Lampoon se orgulhar, já que infortúnio após infortúnio atormenta a pequena jornada deles. Mas onde muitas vezes encontrei o humor ineficaz ou deslocado nesta trama, preciso aplaudir essa série de cenas por usar comédia não apenas para sublinhar o quão desalinhados os irmãos estão em relação à mãe — e sem a ajuda contratada para encher o tanque — mas para aproximá-los através de uma série de pequenas calamidades.
Quando finalmente empurram o carro até o mirante e tomam um café instantâneo na beira da estrada, está claro que estão um pouco mais em sintonia como família. O mais importante, para o bem de nossa trama romântica, a presidente Kim admite que foi injusto da parte dela querer usar a história de Yoon-seo para cobrir seu escândalo de divórcio e dá a Joo-won sua bênção total — dessa vez sem estipulações. Ela realmente espera que Yoon-seo possa fornecer a Joo-won a família amorosa que ela não conseguiu lhe dar enquanto crescia. (E eu suspeito que ainda há a chance de que ela se torne a sogra afetuosa que Yoon-seo precisa.)
A história avança dois meses no futuro. Joo-won e Yoon-seo já tiraram suas fotos de casamento, mas ainda não se casaram oficialmente, pois estão nas fases finais do planejamento. Bem… Joo-won ainda está planejando. Ele é quem assina os papéis para a nova casa (com Ji-seok), escolhe móveis novos (com Mi-jin) e finaliza os convites de casamento (com Seong-min). Yoon-seo, para desapontamento de Joo-won, está fazendo horas extras na fundação de caridade do AL Group.
Em vez de gerenciar toda a fundação, como era a oferta original da presidente Kim, ela optou por trabalhar como líder de uma divisão menor, ajudando adolescentes com histórias semelhantes à sua. Dessa forma, ela trabalha em uma causa pela qual é apaixonada, enquanto aprende mais sobre a fundação antes de, presumivelmente, assumir o comando um dia. Embora Joo-won esteja orgulhoso dela, isso se torna um ponto de discórdia, já que ele parece ser o único entusiasmado com os planos do casamento. Yoon-seo fica defensiva, insistindo que tem ajudado quando pode, e eles se separam à noite sem resolver a disputa.
E falando em desentendimentos, Shi-won e Mi-jin são oficialmente coroados como o rei e a rainha da falta de comunicação (e reconciliação) durante nosso finale. Antes da passagem de tempo, Shi-won comete uma gafe ao trazer à tona o tópico de seu primeiro amor, o que irrita o ciúme de Mi-jin. Ela recorre à sua própria marca de mesquinhez quando apresenta seu atraente primo (com participação de Lee Ha-yul) como seu oppa — sem dar mais contexto ou esclarecimento. Essa discussão particular eventualmente é resolvida quando Shi-won admite que tem sentimentos por Mi-jin, mas não sabe como expressá-los porque está confuso sobre o que pode ou não fazer. Tecnica e aparentemente eles estão casados, mas não são um casal de verdade. Assim, ele pede para namorá-la e entender as coisas conforme avançam.
Após a passagem de tempo, vemos mais sentimentos feridos como resultado de outra falha em comunicar suas prioridades. A data do aniversário de casamento chega, e enquanto Mi-jin coloca muito pensamento e esforço nos copos de makgeolli combinando que fez pessoalmente como presente para Shi-won, ele esquece o aniversário do casamento. Então o colar que Mi-jin estava empolgada para receber (e que planejou cuidadosamente para combinar com seu traje) acabou sendo um presente de mérito escolhido pela secretária de Shi-won.
Mi-jin está compreensivelmente chateada, então quando Yoon-seo (também em um humor igualmente melancólico) chama Mi-jin para agradecer pelo mobiliário que ela comprou para seu casamento com Joo-won, Mi-jin convida sua futura cunhada para um drink. Previsivelmente, as duas ficam completamente bêbadas, mas eu realmente gostei de vê-las se divertirem juntas e se desabafarem sobre ter a presidente Kim como sogra. Seria ainda mais divertido ver os dois amados tentando interceptá-las antes que tivessem chance de externar suas queixas diretamente na frente da presidente Kim. (A presidente Kim, calmamente bebendo vinho e completamente alheia ao caos que acontece do lado de fora da janela, é uma cena memorável.)
No dia seguinte, é tempo de ressacas e desculpas. Shi-won explica que sua gafe anterior foi porque ele não atribuiu muito significado ao aniversário de casamento, pois o casamento deles foi arranjado. Em vez disso, ele estava mais focado em celebrar o centésimo dia como um casal oficial e estava planejando reformar a casa para que eles pudessem começar a dividir um quarto juntos. Mi-jin fica tão feliz em esclarecer as coisas que não vê razão para esperar até o centésimo dia para compartilharem uma cama. (Aí vem os olhares sugestivos.)
Enquanto isso, Yoon-seo tenta se redimir com Joo-won com um jantar caseiro e reconhece que tem se concentrando mais no trabalho. Mas, neste ponto, ele já foi totalmente apaziguado, tendo ouvido de sua mãe como ela se superou para fazer a caridade ser bem-sucedida e apoiar todas as crianças necessitadas. Yoon-seo ainda demonstra seu desejo de estar mais envolvida no restante do planejamento do casamento, pedindo a Seong-min que apresse os convites de casamento, e considerando que há poucas pessoas presentes no elegante, mas íntimo casamento deles, é totalmente possível que Seong-min tenha conseguido fazer todos os convites em menos de vinte e quatro horas. O casamento pode ter sido pequeno, mas ainda foi deslumbrante e perfeitamente adequado para nossa Cinderela e seu Chaebol Charming.
A cada semana, ao cobrir A Cinderela Moderna, tive dificuldades em articular minha opinião sobre este dorama. É um daqueles programas estranhos que me entretêm no momento em que assisto, mas quando chega a hora de refletir sobre o que assisti, a magia desaparece. Após o final, finalmente entendi por que tenho sentimentos tão mistos sobre esta trama. Tudo se resume ao fato de que eu amo esses personagens — mas não nesta história.
A Cinderela Moderna começou com a pergunta: O que aconteceria se uma heroína de dorama aceitasse o proverbial envelope cheio de dinheiro? Na minha visão — e de acordo com evidências anedóticas enviadas na seção de comentários de um recente post de “Você Preferiria” — se a protagonista aceita o dinheiro, logicamente uma de duas coisas acontecerá. Ou ela segue com o término e usa seu novo ganho para desaparecer em algum lugar mais tropical, ou — escapatória! — ela e seu namorado chaebol fogem e gastam o dinheiro juntos, já que ninguém quer um pai/sogros que fazem ultimatos.
No entanto, A Cinderela Moderna apresenta uma terceira opção que os roteiristas conceberam porque queriam que o término acontecesse (sendo essa a maior subversão do tropo) sem, de fato, acabar com o romance do casal principal. O problema resultante é que o quase arco de separação que ocorre após Yoon-seo aceitar o dinheiro não é fundamental para o crescimento de personagens dela e de Joo-won. Ele é apenas um recurso usado para sustentar a subversão dos escritores, enquanto todos os conflitos — internos e externos — entre Yoon-seo e Joo-won poderiam ter ocorrido facilmente em um formato mais tradicional — ainda que formulaico — de dorama romântico, onde nossos personagens se encontram, a identidade chaebol de Joo-won é exposta, e então eles enfrentam os receios de Yoon-seo juntos como um casal.
Portanto, se tivesse a opção, neste caso eu teria preferido uma comédia romântica mais convencional onde nossos protagonistas principais e secundários respirassem nova vida em uma fórmula desgastada. Quanto à subversão do tropo do “Suborno de Separação”, bem, acredito que isso deveria ter sido reservado para uma protagonista que pegasse o dinheiro, o investisse, quadruplicasse seu valor e escapasse para Jeju, tentando esconder a fonte inicial de sua riqueza de seu novo namorado chaebol que transita nos mesmos círculos que seu ex. Mas, você sabe, isso é apenas uma opinião.
Originária de Busan e ex-produtora de TV, Soo-Mi viajou pela Ásia buscando inspirações. Apaixonada por dramas contemporâneos, sua escrita é empática e sincera, conectando-se profundamente com os leitores.